Como consultor sempre me deparo com perguntas do tipo: “Como é que funciona a consultoria?”; Qual o método vocês utilizam?”; e assim por diante.
Durante minhas visitas a produtores me deparei com duas situações, no mínimo curiosas. No mesmo dia realizei duas visitas a produtores vizinhos de cerca e, enquanto um buscava por informações de como implantar um sistema de gestão na sua fazenda, o seu vizinho ostentava uma gestão rigorosa em que tinha controle sobre pelo menos 50 indicadores produtivos.
Durante a visita ao primeiro produtor, o questionei qual era o objetivo dele na busca um sistema de gestão e ele de forma muito simples respondeu:
“Atualmente faço apenas o controle de despesas e investimentos. Como vendo bezerros desmamados e sei o preço de mercado atualizado, pois toda semana vou a leilões, sei quantos bezerros tenho que vender para pagar as contas. O que passar dessa quantidade é meu lucro. No entanto, não tenho nenhum indicador produtivo, enquanto meu vizinho tem 50 indicadores”.
Após o almoço havia agendado com o segundo produtor, reconhecido pelos registros impecáveis e seus 50 indicadores! Durante nossa conversa, muito agradável e produtiva, fiquei impressionado com a quantidade de controles e disciplina de registros. No entanto, como produtor de bezerros que era, questionei quantos bezerros ele precisava vender para pagar as contas. Infelizmente ele não conseguiu chegar a um número.
Minha intenção não é minimizar a importância dos indicadores produtivos, pelo contrário, eles são importantes para nos orientar na busca por melhores resultados. Agora não podemos deixar que esses mesmos indicadores nos confundam e nos leve para longe dos nossos objetivos.
Esta passagem me marcou tanto que, além de me recordar com frequência, ajudou a reforçar nossa metodologia de trabalho em gestão.
O método que nós usamos é o Cartesiano – verificar, analisar, sintetizar e enumerar.
Entramos em uma empresa e procuramos a verdade, baseada em fatos e dados, através do levantamento dos números. Acreditamos que a boa administração é sempre procurar o jeito de fazer qualquer coisa com mais eficiência, olhando para dentro da empresa rural, para outras áreas e até externamente, para outras empresas.
Ao mesmo tempo, compactuamos da ideia de Leonardo Da Vinci quando disse: “Simplicidade é o último grau de sofisticação.”
Dito isso, para definirmos quais controles acompanhar, seguimos três requisitos:
- Objetivo gerencial. Ex.: Melhorar a taxa de concepção de primíparas.
- Definimos um valor. Ex.: 10 pontos percentuais.
- Estabelecemos um prazo. Ex.: Estação de monta 2019/20.
Após definirmos quais controles medir, ainda antes da implantação, avaliamos se os mesmos atendem as seguintes especificações:
- Economicidade: Quanto menor o esforço demandado, melhor é o controle.
- Relevância: Ser significativo em si ou indicar avanços significativos. Ex.: O aumento de 10 pontos percentuais na taxa de concepção de primíparas refletirá significativamente na taxa de concepção geral?
- Adequação: Por exemplo: Aumento de 10 pontos percentuais na taxa de concepção de primíparas parece aceitável, mas não se for em um rebanho com baixa taxa de reposição, e consequentemente, pouquíssimos animais nesta categoria comparada ao número total de fêmeas em reprodução.
- Congruência: Representa o fenômeno medido.
- Oportuno: Será desperdício de tempo e dinheiro se a informação chegar tarde demais.
- Simples: Controles complexos são ineficazes, geram confusão.
- Orientados para a ação: Não se controla por interesse acadêmico. O objetivo é monitorar, planejar e executar.
Nosso mindset é: criar rotinas, estabelecer processos, encarar a diferença entre a situação real e a meta como um problema e enxergar o problema como algo bom, que pode ser resolvido.
O nosso trabalho é: abrir o gap, através de comparação, de estudo, de benchmarking, e depois fechá-lo ao longo do tempo.
Afinal, o que importa não é o resultado?
Gostou do tema e quer conversar mais a respeito? Entre em contato conosco através do contato@precisaoagro.com
Vamos juntos mudar o Agro do Brasil!!!